Em 1806, o imperador francês, Napoleão Bonaparte, decretou o Bloqueio Continental, determinando que os países europeus fechassem os portos para os navios oriundos da Inglaterra. Portugal não aderiu à medida, devido à longa aliança política e comercial com os ingleses. Com a recusa, Napoleão ordenou a invasão do território português.
O príncipe regente de Portugal, Dom João VI, assinou com o rei da Inglaterra, Jorge III, uma convenção secreta transferindo a sede monárquica de Portugal para o Brasil, e determinou que toda a família real fosse transferida para a colônia.
A família real portuguesa desembarcou no Brasil em 22 de janeiro de 1808, trazendo com ela órgãos administrativos, funcionários da corte, ministros, membros do alto clero e, entre outras coisas, diversas bibliotecas, as quais resultaram na formação da Biblioteca Nacional.
Dom João convidou pessoalmente Aquilino Herculano Loreto de Queirós, um ex-gerente da Livraria Bertrand, em Lisboa, para acompanhar a família real e montar a biblioteca da corte no Brasil. A biblioteca sobreviveu ao tempo, e hoje é uma instituição cultural lusófona chamada oficialmente de Real Gabinete Português de Leitura, localizada na rua Luís de Camões, no centro da cidade do Rio de Janeiro.
Envolta em mistérios e histórias populares, a Biblioteca carrega consigo diversas histórias que vão muito além dos livros. Histórias que garantem que o lugar é assombrado pelas almas daqueles que foram imortalizados nos livros que lá se encontram.
Dentro das paredes do Real Gabinete Português de Leitura, as histórias são mais do que letras impressas em páginas, e os passos que ecoam por seus corredores nem sempre pertencem aos visitantes curiosos ou aos membros da equipe. Não são estranhos os relatos de figuras com roupas estranhas e semelhanças perturbadoras com conhecidos personagens da literatura, o que acabou rendendo ao Gabinete o nome popular de Biblioteca das Almas Esquecidas.
Essa antologia traz histórias de encontros fantasmagóricos dentro da Biblioteca. Quantos segredos se libertam das páginas dos livros e andam livremente pelos corredores do Real Gabinete Português depois que as visitas acabam e as luzes se apagam?