Por mais que todo brasileiro conheça as histórias oficiais do descobrimento do nosso país, poucas pessoas sabem que em 22 de abril de 1500 a chegada da frota de Pedro Álvares Cabral não incomodou somente aos indígenas.
Os livros de história nos contam que a armada era composta por três caravelas e dez naus, mas e se eu lhes disser que havia uma quarta caravela, e que ela se perdeu da frota e foi encontrada somente quinze dias depois?
Em seu interior, somente os mortos. Corpos para todos os lados, em um cenário de luta e devastação. Os médicos da armada constataram que a maioria das vítimas apresentavam mordidas pelo corpo, mas o animal que as mordera não arrancara pedaços, como uma fera teria feito para se alimentar. Então o que seria aquela estranha criatura que havia matado quase todos os homens daquela caravela? Ah, sim. “Quase” todos os homens, pois alguns estavam desaparecidos. Teriam fugido para o mar e para a mata próxima ao perceberem que não tinham chances de vencer tal criatura? Ou teriam apenas se afogado?
O restante da frota estava amedrontada, mas nada poderia fazer, então apenas prosseguia seu rumo até o território de Ilha de Vera Cruz. Alguns dias depois, porém, os desaparecidos retornaram entre europeus e ameríndios, trazendo consigo uma implacável sede de sangue.
Os supersticiosos já conheciam as lendas dos vampiros, mas seu conhecimento de nada adiantava diante da fúria e da sede daqueles seres renascidos das trevas. Mas como eles eram de fato? Alguns pareciam apenas animais em busca do sangue que os alimentaria. Outros eram inteligentes, se misturavam, conversavam normalmente, encantavam suas vítimas e as ludibriavam até que praticamente entregassem o pescoço de bandeja.
De tantas histórias absurdas ouvidas na Europa, sabiam que somente a luz do sol poderia matá-los, e as únicas coisas que pareciam feri-los ou pará-los eram o crucifixo, a água benta, e uma estaca de madeira afiada cravada no coração.
Munidos desses objetos para atacar e se defender, europeus e índios — muitas vezes até trabalhando juntos — viveram tempos difíceis de trevas, morte e sangue. Ora caçando, ora sendo caçados.
Ah, não. Vocês não vão encontrar esses relatos em nenhum livro de história, pois os grandes historiadores os trataram como lendas e superstições, ou até como o ataque de uma enorme onça em alguma tribo.
E é por isso que aqui, nesse livro, nós vamos contá-las a vocês. Venham conhecer as histórias de temidos vampiros em terras tupiniquins em 1500.